Coluna “Olhar Cidadão”
Clenio Araujo / jornalista *
E pra quem mora na rua, o que tem?
Infelizmente, cresce o número de pessoas que vivem nas ruas, praças e demais lugares públicos da cidade. É uma situação triste para essas pessoas e muitas vezes incômoda para os demais cidadãos. Há quem reclame de abordagens dos moradores dos locais públicos, dizendo que eles atrapalham o vai e vem dos outros moradores da cidade. O consumo de bebidas alcoólicas também é comum, o que aumenta o risco de eventuais problemas.
Próximo à escada da Praça da Estação e do outro lado da rua, bem em frente ao Museu do Ferroviário e à sede administrativa da Assem, há vários moradores. Da mesma forma, há alguns na Praça Irmã Albuquerque, muito próximo à Prefeitura; nesse caso, os moradores já são antigos. E têm surgido também pedintes, principalmente na área central, o que incomoda muitos bom-despachenses.
Para saber o que o poder público tem feito para resolver – ou, ao menos, minimizar – a situação, esta coluna entrou em contato com a prefeitura. Abaixo, as perguntas encaminhadas e as respectivas respostas da secretaria municipal de Ação Social e Comunitária:
Pergunta – O que a prefeitura ou a secretaria de ação social tem feito para resolver essa questão? Há algum tipo de trabalho para remoção dessas pessoas das ruas e praças ou até mesmo para que elas retornem para suas casas ou cidades de origem?
Resposta – É feito o trabalho de abordagem social a cada indivíduo localizado e identificado como morador de rua ou simplesmente andarilho, quando é oferecido todo o apoio psicossocial, além do pagamento da passagem para retornar ao local de origem ou destino em atenção ao convívio familiar do individuo. Mas o que na maioria das vezes ocorre é que os moradores de ruas e os andarilhos não têm esse comprometimento, ou melhor, esse compromisso e, em consequência disso, não têm pressa de ir embora.
O serviço é ofertado de forma continuada e programada, com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique nos territórios a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras.
De modo geral, nossa equipe técnica trabalha de forma intergeracional e multidisciplinar, no intuito de sanar ou aliviar tal situação que constrange os cidadãos de bem, trabalho e respeito de nossa cidade.
Pergunta – Em relação a pedintes, que têm aparecido sobretudo na Praça da Matriz, há algum tipo de abordagem para que essa situação diminua ou até mesmo acabe?
Resposta – A secretaria, através de sua equipe técnica de proteção social especial em abordagem social, atua dedicando atenção especial às pessoas que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou de sobrevivência na condição de pedinte.
Essa abordagem analisa a fragilidade do indivíduo e o encaminha à rede socioassistencial e às demais políticas públicas, tendo em vista a construção de um novo projeto de vida do indivíduo como sujeito de direito e deveres em situação de rua, pautado na postura de respeito às individualidades de cada sujeito.
Os principais objetivos a serem buscados na oferta do serviço de abordagem social são as reduções de violações dos direitos socioassistenciais, seus agravamentos ou reincidências, a proteção social às famílias e aos indivíduos e a redução de danos provocados por situações violadoras de direitos.
Bang bang verbal na Câmara – No último dia 7, a Câmara Municipal iniciou oficialmente seus trabalhos em 2011, com a primeira reunião ordinária do ano. A expectativa era de que fosse uma reunião morna, sem grandes movimentações ou acontecimentos. Foi assim a maior parte do tempo. Até que três vereadores – Fernando Cabral, Marcelão e Pedro Paulo – protagonizaram um triste espetáculo.
Cabral cobrou posicionamentos mais claros dos membros do Legislativo, ao comentar o fato de Pedro Paulo não ter assinado o relatório de uma comissão de que participou. Com sua conhecida combatividade, ele aumentou bastante o tom da voz, deu socos na mesa e disse que não tinha medo de ninguém, chegando ao ponto de dizer que sabia se defender, inclusive no braço e na faca se fosse preciso.
Por sua vez, Marcelão deixou de lado seu também conhecido temperamento calmo e alterou a voz, socou a mesa e disse, entre outras coisas, que ali não havia ninguém melhor que ninguém, que o voto de todos os nove vereadores tinha o mesmo valor e que também era homem, da mesma forma que Cabral. Marcelão disse ainda que o colega de plenário precisa ser mais humilde e descer do pedestal em que, segundo ele, Cabral se encontra. Já Pedro Paulo falou menos, mas também deu seu recado de descontentamento quanto à forma com que Cabral se comporta.
Houve vários outros comentários, mas ficar com esses já basta para que as pessoas entendam um pouco o que, às vezes, acontece com nossos homens públicos. Pessoas que mereceram a confiança do nosso voto não devem, nunca, baixar o nível assim e participar de um verdadeiro faroeste verbal. Uma coisa é defender as ideias e as propostas com firmeza. Outra é o que aconteceu em parte da reunião.
Menos mal que foi a menor parte. Na grande maioria, o tempo foi melhor utilizado e houve apresentação de requerimentos importantes, como um que solicita medidas urgentes em relação à quase caótica situação do trânsito na Praça da Inconfidência, sobretudo em frente a bares que ocupam as calçadas e até parte da rua.
* Clenio Araujo é bondespachense, morador da cidade, jornalista e colunista do jornal impresso Fique Sabendo. Atualmente, faz mestrado em Comunicação Social na Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), em São Bernardo do Campo-SP. Contatos:clenioaraujo@yahoo.com / clenioaraujo.zip.net