Reclamar, sugerir, propôr. Quando o assunto é botar a boca no trombone a gente percebe uma facilidade imensa nas pessoas. Dar sugestões nem tanto. Recentemente conversando com uma recepcionista perguntei a ela sobre a caixa com título de sugestões, ele me contou que antes tinha o nome de caixa de reclamações, vivia cheia, quando mudaram para que as pessoas pudessem propor melhorias, quase fica vazia a semana inteira.
Que onde essa que nos assombra e faz com que tenhamos muito mais facilidade em reclamar, apontar erros e falhas alheias do que simplesmente sugerir mudanças? Primeiro que quem acusa fica numa situação cômoda, o outro (acusado) é quem precisa se defender e assim fica com o ônus da prova. “O inferno é o outro”, dizia o filósofo francês Jean-Paul Sartre, para caracterizar, por uma fórmula impressionante, a atitude que consiste em desqualificar ou diabolizar o próximo (nem tão próximo em um mundo globalizado). Esse próximo pode ser uma pessoa da família, pessoa pública, empresa e agora sites e qualquer elemento opinativo e atuante na sociedade.
Tempos atrás o atacante Fred, do Fluminense, usou as redes sociais para reclamar do atendimento prestado e dos constantes estragos em sua BMW. Segundo o jogador, foram problemas no motor, no ar-condicionado, no painel e na parte elétrica e nenhuma solução aceitável por parte dos responsáveis. Com a hashtag #BMWnuncamais, diversos seguidores apoiaram o atleta e também reclamaram da empresa. Alguns foram até retuitados pelo atacante. A empresa alemã montadora de carros rapidamente se pronunciou.
Essa atitude do futeboleiro é diferente de quando apenas atacamos e não propomos soluções. Semana passada deixei aqui na coluna a oportunidade das pessoas enviarem suas impressões de 2012. Resultado: zero participações. Durante a semana o bondespachense Fernando Branco criou no Facebook a comunidade “Reclame aqui Bom Despacho”, em três dias já contava com mais de 3500 participantes, 100 posts principais e 1370 comentários dentro desses posts principais. Para o estatístico, comprova minha tese que é mais fácil reclamar do que sugerir mudanças.
Foto do Ricardo Santos, próximo à Escola Criança Feliz no Bairro São José: descaso com os pedestres e motoristas
O processo de reclamar é importante, já é um começo para a mudança. Começamos expondo as mazelas da sociedade, problemas na nossa rua, na escola (aqui mesmo no Jornal de Negócios falei da estudante que criou um blog sobre o tema no Brasil e outra na Inglaterra), no ambiente de trabalho, na prefeitura, enfim, em todos os locais onde temos a convivência com pessoas e empresas. Depois da etapa de reclamar encontramos uma série de pessoas que compartilham dessas mesmas amarguras, encontramos parceiros e parceiras dispostos a dividir essa cruz. O ideal é a união em torno de se propôr a solução ou solicitar do órgão governamental competente que o problema ou reclamação se resolva.
Fizemos uma rápida enquete na página no Facebook, e vejam os resultados sobre as principais reclamações para 2012 em Bom Despacho:
Fernando Branco: acredito que uns dos fatos mais absurdos do ano de 2012 foi ver a saúde pública em Bom Despacho entregue nas mãos de pessoas descompromissadas, casuístas, que assistiram, com absoluta abulia, diversos bondespachenses morrerem por falta de atenção médica.
Paulo Cleomar: … o avanço do uso das drogas, principalmente o crack, é uma das piores coisas que aconteceu na cidade. Junto com o vício vem a violência, crimes, famílias destruídas, mortes. O que o poder público fez na cidade para conter esse avanço? Se fez alguma coisa não surtiu efeito.
Guto Azevedo: o que deveria ter a atenção das autoridades competentes é o estacionamento de veículos em torno da Praça da Matriz. Penso que, deveria voltar o estacionamento rotativo. Assim, pessoas não usariam ali como estacionamento particular, deixando seu veículo o dia todo ou mesmo, dias.
Wendell Silva: … insisto na questão do trânsito em nossa cidade. Motoristas totalmente alheios as boas práticas de direção, não respeitam sinalização, não usam cinto de segurança, falam ao celular enquanto dirigem, ignoram as regras básicas de circulação e são deseducados, parando sobre as faixas e poucos dão a preferência aos pedestres. Isso se aplica também aos motoqueiros, totalmente irresponsáveis quando em cima de uma moto, em especial os entregadores. Por outro lado, vejo que os pedestres também tem sua parcela de culpa. Na grande maioria das vezes ignoram a existência das faixas preferenciais, andam fora das calçadas e totalmente desatentos, deixando nosso trânsito ainda mais complicado. Vale lembrar que trânsito é responsabilidade de todos!
Rodrigo Rezende Santos: … a entrada da cidade, rodovia de acesso a BR 262 é uma lástima, que a anos não tem a manutenção devida, o que traz bastante prejuízo a cidade visto que há uma tendência ao crescimento para aquele lado, visto que várias empresas já estão estabelecidas no local, e outras estão se estabelecendo (BOVEPE, Clemente Retífica, Fidelis, Posto Primavera, FEMAQ, Vaccinar). Acho que se melhorasse a entrada atrairia outros investimentos junto a BR 262.
Rejaine Costa: o desemprego, calamidade na saúde pública, os crimes constantes e torpes devido a tantas drogas, a limpeza das ruas que não estão sendo feitas tudo isso e muitos outros são motivos da nossa insatisfação.
Hudson Silva Oliveira: o trânsito caótico de nossa cidade sem dúvida deverá despontar entre os principais problemas. Aqui, ainda inventaram uma nova modalidade de transito: Aquele que planeja, gasta, executa e depois desmancha literalmente, para beneficio de poucos burgueses privilegiados em detrimento da necessidade da maioria dos usuários de nossas vias….Uma vergonha!!!
Carolina Moreira: a falta de planejamento urbano e a maneira em que Bom Despacho vem se desenhando, me incomoda profundamente. A cidade está crescendo muito e se tornando cada vez mais feia. Construções que desrespeitam a proporção das vias e não cedem espaços para a cidade.
Por fim, foi muito interessante a participação de uma internauta, que fez um elogio !
Cristina Campos disse: “Posso elogiar também? Ontem, fiquei feliz em ver uma mocinha de moto, que ao virar da Pça Matriz para a Alferes Tavares, fez questão de parar e sinalizar para que os carros parassem, aguardando uma senhora atravessar a rua. PARABÉNS MOCINHA!”
Não podemos ficar alheios aos problemas, mas participar para resolver não é somente reclamar, é preciso criar uma onda positiva de mudança, com planejamento e responsabilidade.
Pense nisso e bons projetos!
Fonte: Facebook, declarações espontâneas
Painel
Frase da semana: ”Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito” – Oscar Niemeyer (1907 – 2012) – homenagem a esse grande brasileiro que nos deixou esta semana. Ainda perguntam se existem pessoas insubstituíveis.
Quando completou cem anos de idade, Oscar Niemeyer foi homenageado pelo Flamengo. Márcio Braga, presidente do clube na época, presenteou o arquiteto com uma camisa rubro-negra com o número 100 nas costas.
Opinião do Especialista |
Crimes cibernéticos: ainda você será uma vítima: .Muita gente não leva o assunto a sério, mas os crimes cibernéticos podem causar prejuízos significativos para a sociedade. Desde apagões, falta de água e rombos financeiros, uma pessoa dotada de conhecimento específico, pode provocar uma série de acontecimentos, que ao final, trarão vários problemas, inclusive para a sociedade.Na América Latina, o Brasil lidera todos os tipos de ataques na web, como o envio de códigos maliciosos, zumbis de spam e phishing. Considerando que a grande maioria dos brasileiros desconhecem os recursos de segurança para proteger a navegação pela internet, eles se tornam vítimas fáceis dos criminosos virtuais.Quando se trata dos ataques cibernéticos com cavalo-de-troia, o Brasil está na frente da China e da Rússia, com um índice de 16,9%. Quanto aos ataques phishing, o país aparece em 5º lugar no ranking mundial com apenas 1%, atrás do Reino Unido (42%), Canadá (29%), EUA (22%) e Noruega (2%).O Brasil também ocupa a quinta posição no ranking dos países que mais enviam spam, com 3,4%, estando atrás dos Estados Unidos (42,2%), Reno Unido (8,5%), França (5,1%) e Alemanha (4,6%).Diante dessa realidade, nos próximos quatro anos o Ministério da Defesa investirá cerca de R$400 milhões no setor cibernético. Dos recursos previstos, 27,9% serão destinados à capacitação de profissionais e 41,33% com segurança. Para o próximo ano, devem ser investidos R$ 110 milhões. Cerca de R$ 100 milhões deverão ser investido em 2014 e mais R$ 81,7 milhões em 2015.Do lado do usuário, os números não são nada agradáveis. Eles revelam que 80% dos adultos no Brasil já sofreram com crimes virtuais. Destes, 60% nunca usaram um antivírus atualizado. Recentemente um novo indicador surgiu mostrando que 9% dos brasileiros sofreram ataques em plataformas móveis.Apesar de todo esse esforço do governo, é fundamental a participação da sociedade. Para não fazer parte dessas estatísticas, ações simples podem contribuir para a redução dos crimes virtuais. O uso de um bom antivírus, softwares originais, atualização de softwares, senhas seguras e o principal, evitar acessar links suspeitos, irão proporcionar mais segurança e evitarão que boa parte dos problemas acima citados aconteçam. |
Fale com o Especialista: Wendell Silva – wendell.silvabd@gmail.com |