Segundo o Sebrae Nacional a taxa de novos empreendedores em 2015 praticamente dobrou. O número de empresas abertas por pessoas que buscam seu próprio negócio tem crescido. Cuidados precisam ser tomados. Muito planejamento e razão são necessários nesta hora. “Pés no chão, cabeça nas estrelas”.

Para aqueles que decidiram montar seu negócio já na época de faculdade, atenção redobrada. O que parece um sonho de criança, somado à coragem natural da juventude, pode vir a se tornar um grande pesadelo. Existem aqueles que começaram quase do zero, persistiram e se deram bem .

Para Andreza Venancia, analista de projetos do Sebrae-MG, para entender se existe uma dificuldade de busca do empreendedorismo pelos jovens egressos do ensino superior é preciso entender em que contexto e cenário, esses jovens são formados.

Olha só o que a Andreza pesquisou e descobriu, nas palavras dela “…para alguns analistas da UEEC – Unidade de Educação, Empreendedorismo e Cooperativismo do SEBRAE Minas, a formação do brasileiro seja na família, na escola ou em outros círculos sociais, historicamente, reforça aspectos como estabilidade, segurança e status que o modelo de emprego convencional proporciona no imaginário de todos, de uma forma ainda atrativa. Além disso, também é possível citar a falta de qualificação dos docentes em relação ao tema, uma vez que algumas grades curriculares ainda não contemplam o desenvolvimento de competências técnicas no que se refere ao empreendedorismo…”

Nesse cenário, podemos relacionar a “inércia” dos jovens pela busca do empreendedorismo, à carência de Educação Empreendedora. Esse tema vem sendo discutido profunda e exaustivamente por grupos de professores e pesquisadores, com reflexões de quais impactos sobre os campos político, econômico e social. Uma boa referência para aprofundamento seria o livro organizado pela Dra. Rose Mary a. Lopes: Educação Empreendedora: conceitos, modelos e práticas, pela editora Elsevier.

Um terceiro ponto a ser analisado é a política econômica e tributária do Brasil, que para alguns especialistas, desencoraja totalmente qualquer iniciativa empreendedora tornando a atitude empreendedora um ato de bravura.

Apesar do modelo mental brasileiro, no que se refere ao empreendedorismo, estar em transformação (Exemplo: segundo a pesquisa GEM as maiores taxas de atividade empreendedora estão entre pessoas com até 35 anos de idade), o desenvolvimento de um mindset empreendedor nos jovens ainda precisa evoluir.

Mas o que faz um indivíduo empreendedor? Muitos especialistas já debateram sobre: “Seria possível ensinar a ser empreendedor”? Apesar das opiniões se dividirem, sabemos que é possível desenvolver características para o desenvolvimento do comportamento empreendedor.

Estimular competências empreendedoras como autonomia, coragem, resiliência, experimentação, empatia, criatividade seja em todos os níveis de ensino formal (da educação infantil à pos-graduação strictus sensu) ou na educação informal é um caminho para se avançar nessa direção. Para a nossa Unidade de Educação outra iniciativa é inspirar as novas gerações de que o empreendedorismo é forma de realizar projetos e definir um propósito que impacte positivamente outras pessoas. Isso pode se dar através do contato com outros empreendedores para que estes compartilhem suas histórias e experiências (de sucesso e insucesso).

Uma iniciativa que tem demonstrado bons resultados é o seminário EMPRETEC: Criado desde 1988 pela ONU (Organização das Nações Unidas), o EMPRETEC é um programa que visa o desenvolvimento de 10 características empreendedoras nos indivíduos num processo de imersão de seis dias. Aqui no Brasil, ele é ministrado exclusivamente pelo SEBRAE e tem resultado em conquistas significativas do ponto de vista empresarial.

Andreza Venancia, analista técnica de projetos da Unidade de Gestão Estratégica do SEBRAE-MG
Andreza Venancia, analista técnica de projetos da Unidade de Gestão Estratégica do SEBRAE-MG

Ambiente Favorável

Para o professor de Sistemas da Informação Eduardo Melo, atualmente, a pessoa com objetivo de empreender encontra um ambiente relativamente favorável para isso. É possível participar de capacitações formais em conceituadas escolas, como o Sebrae, além de contar com uma série de eventos e programas (inclusive governamentais) voltados ao fomento de novas empresas.

Perguntado sobre o primeiro passo Eduardo respondeu que: “… na minha opinião, o primeiro passo seria verificar se essa ideia já não foi transformada em produtos e/ou serviços por alguma empresa. Caso não tenha sido, existe uma boa chance de se trabalhar com uma ideia pioneira e realmente inovadora. Do contrário, é preciso compreender o que a ideia traz de novo aos produtos e serviços já existentes no mercado. Na sequência, a realização de um bom planejamento do negócio é fundamental, bem como a criação (ou fortalecimento) da rede de contatos da pessoa, especialmente na área relacionada com a ideia. Outra sugestão é a transformação da ideia em um protótipo, o qual pode ser testado para efetivamente validar a viabilidade da ideia como produto/serviço. Por fim, é preciso ter foco, pois de nada adianta ter muitas ideias e não conseguir implementá-las…”

Prof. Eduardo Melo, acredita na capacitação do empreendedor
Prof. Eduardo Melo, acredita na capacitação do empreendedor

Desafio

Conversando com Diego Ferraz, Engenheiro Civil que montou sua empresa de Construção logo após a faculdade, a ideia de ter o próprio negocio foi tomada por necessidade, um dos setores mais afetados pela crise,o forçou, por falta de oportunidade de emprego, arriscar no próprio negócio. Ele deixa como dicas: “…tomei o cuidado de me orientar bastante, com profissionais experientes”. Ainda assim tem sido um grande desafio, principalmente conseguir bons trabalhadores para a Construção.

 

Diego (à direita) com sua equipe em obra para a Prefeitura de Bom Despacho
Diego (à direita) com sua equipe em obra para a Prefeitura de Bom Despacho

 

Diferencial Competitivo

Outro jovem estudante que montou seu próprio negócio foi o Luis André. Hoje junto com seu sócio (amigo desde época de faculdade) comandam uma empresa de software.

Luis André e seu sócio, Daniel - hoje coordenam uma fábrica de software
Luis André e seu sócio, Daniel Tavares – hoje coordenam uma fábrica de software

Veja uma rápida entrevista com o Luís e sua experiência em empreender:

1) O que motivou você a empreender? 

Sempre gostei de ler a biografia de grandes empreendedores de sucesso como Ricardo Nunes, dono da Ricardo Eletro, Jorge Paulo Lemann, Fundador da AmBev, Steve Jobs, fundador da Apple. As histórias desses empresários foram uma grande fonte de motivação para que eu pudesse empreender.

2) Como foi sua história? Quais idéias vingaram e quais deixaram para outro  momento? 

O curso de Sistemas de Informação oferecido pela UNIPAC proporcionou-me conhecimentos e boas amizades. Através delas, surgiu uma sólida parceria com o Daniel, na qual encaramos juntos o desafio de criamos uma empresa de desenvolvimento de sistemas. Devido à experiência detectamos uma alta demanda por sistemas de gestão empresarial em nossa região.

3) Hoje em dia seu negócio está estabilizado ou ainda se encontra numa fase de investimentos?

A empresa está em fase de crescimento, entretanto, estamos sempre fazendo investimentos para que a empresa tenha diferencial competitivo.

4) Se você pudesse dar uma dica para alguém que está para sair da faculdade e deseja empreender, o que você diria ?

Utilize os recursos que a faculdade oferece para desenvolver um trabalho de conclusão de curso voltado para a demanda do mercado. Assim será dado o primeiro passo para a criação de um negócio.

Este artigo foi escrito com ajuda da Andreza Venancia, Eduardo Melo, Diego Ferraz e Luis Andre Souza.

 

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