(Figura de Rembrand, veja no final do texto detalhes sobre a imagem)

– Bom Despacho completa 100 anos de emancipação política –

A data é de muita festa: nossa cidade completa o centésimo aniversário de fundação como município. Chegamos a uma população residente de aproximadamente 45 mil habitantes. A maior parte vivendo, trabalhando, estudando, desenvolvendo suas atividades na sede do município. Diferente de tempos passados onde a maior parte dos habitantes estavam na zona rural. Essa mudança ocorreu principalmente a partir dos anos 80 e não parou.

Temos muitos problemas a resolver, em todos os aspectos. Ainda amargamos uma dependência muito grande de outros centros urbanos, principalmente no tocante a Saúde Pública. Todos os dias um micro-ônibus sai da cidade rumo a Belo Horizonte ou Divinópolis para as pessoas se tratarem. Poderia ser diferente se aqui tivéssemos pelo menos as principais especialidades, mas no sistema público. Apesar da presença policial no município a cada dia enfrentamos casos de crimes horripilantes, com requintes de crueldade. A impunidade favorece um trânsito caótico, grande consumo de drogas, roubos e assaltos a luz do dia e principalmente nos cofres públicos.

O ano de 2012 além de ser o centenário da cidade é um ano que devemos avaliar os políticos que queremos que governem a cidade nos próximos anos. As eleições de outubro precisam (e devem) ser um ato de libertação. Mas para isso precisamos nos permitir ter candidatos que realmente queiram o bem da cidade, não o próprio bem. As últimas experiências (cômicas para humor negro) na Prefeitura e Câmara têm trazido sérios danos aos munícipes: lixão , saúde pública defasada, ensino prejudicado, falta de um plano diretor, enfim, temos muito o que corrigir do que foi estragado pelos longos anos do retorno de um coronelismo retrógrado e corrupto.

Mas ao contrário do que muitos pensam a cidade tem muito o que oferecer. A hospitalidade, a benevolência de seu povo, religiosidade tradicional, festas típicas, cultura própria, mentes brilhantes, são alguns ótimos exemplos para as gerações futuras. Precisamos valorizar tudo o que produzimos e o que temos de bom. Ao contrário daqueles que foram os pioneiros da cidade (eles queriam apenas explorar e depois voltar para Portugal, por isso pediram um “bom despacho” do Rei para conseguir o perdão e voltar para terras lusitanas), precisamos explorar adequadamente nossos recursos, preservar nossa história e cultura, promover a arte local e dignificar todas as ótimas iniciativas que temos no dia a dia do nosso povo. Qual cidade nas redondezas tem tantas associações sociais, casas de serviço e entidades assistencialistas ?

O Batalhão, a Tabatinga, o Campo da Aviação, o Arraial dos Lobos, a Praça com a linda Igreja Matriz, temos tanta coisa a agradecer e ao mesmo tempo proteger. O futuro nos pertence e podemos trabalhar por uma cidade melhor. Muito gratificante encontrar uma juventude viva nas redes cibernéticas e sociais clamando por justiça social, nas ruas, em frente a órgãos públicos. O interior do município com povoados como Falcão, Ermo, Passagem, Engenho do Ribeiro, Capivari, Mato Seco, com seus habitantes locais, ainda mantendo a tradição do agronegócios.

Para onde vamos? Leite, indústria, serviços, educação? Quem sabe um mix de todos esses caminhos mas bem organizado e estruturado apontando para o ideal de Qualidade de Vida ?

Uma coisa é certa, temos encontrado muitas pessoas que trabalham para preservar o que temos de melhor: nosso povo e suas origens. A criação de entidades ligadas a artes, letras, cultura, cultura, história, muito ainda para se cuidar e manter para as gerações futuras. Daqui a cem anos, caso alguém encontre ou esbarre com esse texto, quero que sobreviva apenas esse trecho: “ô lugarzinho bom de viver, sô!”.

Vamos em frente para construir mais cem anos de uma grande cidade. Como foi, como é e como sempre será. Deixemos de lado as diferenças e pensemos como um povo evoluído e preparado para os grandes desafios.

Parabéns minha querida cidade de Bom Despacho!

(ps: este texto além de uma homenagem à minha terra é também uma homenagem à minha avozinha Dona Lizeta Maria de Jesus, que no ano de 2012 também completaria 100 anos de idade)

Sobre a imagem do texto:

Pintor Rembrandt Harmensz. van Rijn 1606 – 1669
Título: O Anjo aparece para Hagar
desenho a pena (18 × 25 cm) — por volta de 1655

 

 

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