Brasil fornecerá foguetes espaciais à Europa
Gazeta Mercantil
O Brasil se tornará o principal fornecedor de foguetes espaciais de sondagem, usados em projetos científicos, para os países europeus, particularmente aos integrantes da Agência Espacial Européia (ESA). Essa é a previsão do diretor da Agência Espacial Brasileira (AEB) e coordenador geral do programa de experimentos em microgravidade, Raimundo Mussi.
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Ele projeta para este ano a transferência desta tecnologia à indústria privada nacional. “Creio que dentro de 18 meses já estaremos com empresas capacitadas a produzir esse tipo de foguete para o mercado mundial”, salientou Mussi.
O foguete VSB-30 desenvolvido aqui é capaz de atingir uma altitude por volta de 300 km e o seu vôo total terá 20 minutos. O tempo de permanência em estado de microgravidade por mais de 6 minutos nasceu de uma parceria entre o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e a Agência Espacial Alemã (DLR-Moraba). Essa missão denominada Operação Cumã 2 será realizada na base de lançamentos de Alcântara (MA), num setor que permaneceu intacto aos danos provocados pelo acidente ocorrido em meados de 2003.
A Europa será o destino natural da produção dos VSB-30. Outros três vôos já foram realizados com este modelo, que deve ser o primeiro de uma família de foguetes de sondagem das camadas mais altas da atmosfera terrestre. A função destes lançadores é carregar experimentos científicos tanto da academia quanto da indústria, que necessitam de locais com uma força gravitacional muito inferior à existente na superfície da Terra.
Os países europeus utilizam de três a quatro foguetes deste porte por ano em seus programas espaciais. Como o Brasil é bem conceituado neste setor e detém mais de 40 anos de estudos sobre pequenos foguetes, o País foi escolhido para receber tanto a transferência de tecnologia européia como para ser o principal fornecedor do produto aos seus centros de pesquisa. “Creio que cada unidade ficará com um preço em torno de R$ 500 mil a R$ 700 mil”, informou o dirigente da AEB.
Embarcaram ontem para Alcântara (MA) 71 técnicos e engenheiros do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), órgão pertencente ao Comando-Geral da Tecnologia Aeroespacial (CTA), ambos sediados em São José dos Campos e subordinados ao Comando da Aeronáutica. O VSB-30 tem 12,6 metros e traz em seu corpo inovações tecnológicas, entre as quais um motor adicional.
Como a ESA certificou o equipamento, garantindo assim a possibilidade de ele ser comercializado na União Européia, o Instituto de Fomento Industrial (IFI), do CTA, fará o mesmo processo de aferição do equipamento nesta operação. Com isso, ficará licenciado para ser usado comercialmente também no Brasil e em países da América Latina.