* Artigo Originalmente publicado no Jornal GAZETA, em Janeiro/2017.
“Não se gerencia o que não se
mede, não se mede o que não se
define, não se define o que não
se entende, não há sucesso no
que não se gerencia.” – William Edwards Deming
Estava caminhando pela Av. Antônio Olímpio de Morais (em Divinópolis/MG) quando me deparei com uma obra em ritmo acelerado. Até aí tudo bem, muitos empregos gerados, favorece a cadeia de fornecedores e agita o comércio de materiais de construção da cidade. Tive a curiosidade de parar e conversar com o Mestre de Obras. Aquele senhor já com certa idade contou-me da sua experiência e de importantes prédios que havia feito na cidade de Divinópolis.
Não pude deixar de fazer algumas perguntas sobre o andamento do empreendimento. Uma delas que mais me chamou a atenção foi sobre o monitoramento e controle da obra. Queria entender como o experiente Mestre de Obras solicitava mais ou menos materiais, como tijolos, concreto, ferragens, etc. Segundo ele era conforme o andamento da obra. Ainda assim não fiquei satisfeito com a resposta, tive que fazer mais outra pergunta: e a quantidade de pessoas (pedreiros, serventes, terceiros)? “Bem, neste caso a gente coloca muita gente no começo e vai desligando conforme a obra é terminada. ” – Respondeu-me o Mestre de Obras.
Do ponto de vista de gestão, a gente pode observar neste simples diálogo, bem comum na maioria dos empreendimentos da cidade, encontramos uma série de falhas e pontos de melhoria. Quando a obra é conduzida conforme apenas a experiência do seu principal responsável, neste caso o Mestre de Obras, os riscos que atrasos e custos extras aconteçam podem tornar o empreendimento inviável e até gerar grande prejuízo. Já viu como em grandes centros temos muitas obras privadas paralisadas e com muita coisa a terminar? É simples: o dinheiro não deu!
O que controlar?
Até antes mesmo de realizar qualquer tipo de monitoramento e controle é preciso fazer um planejamento. Conhecer o empreendimento, estudar a metodologia executiva da obra, a logística de entrada e saída de materiais, a relação disso tudo com a comunidade ao redor, o tempo necessário para fazer o projeto e a quantidade certa de insumos materiais e pessoal. Nem para mais, nem para menos, o tamanho exato do bolso do construtor ou daquele grupo de investidores.
Feito isso teremos como estabelecer um monitoramento que é diferente de controle. O monitoramento é levantar informações no dia-a-dia da obra, o tempo que está se gastando com cada etapa, a quantidade de pessoas envolvidas e o uso de insumos. Levantadas as informações teremos condições para a realização de análises e assim compreender para onde o dinheiro gasto está caminhando.
Como controlar?
Após levantar os dados necessários para controlar, uma série de análises precisam serem feitas. O projeto está no prazo esperado? É possível antecipar e economizar com folha de pagamento e locação de equipamentos? Quais os materiais que chegam para a obra na próxima semana? Temos espaço e condições adequadas para armazenar? A quantidade de profissionais executando o empreendimento é suficiente? Está passando gente? Ou faltam pessoas?
O controle deve gerar relatórios conclusivos e servir para acompanhamento fiel pelos investidores e donos da obra. Vai ajudar a tomar decisões e direcionar os esforços financeiros. Desta forma é possível saber em tempo hábil se o prazo será cumprido e se o lucro esperado será alcançado.
Gaste menos
Concluindo, é possível também gastar menos quando estabelecemos um eficiente controle da obra. Aquela compra desnecessária ou a permanência de mão-de-obra desnecessária ou equipamentos locados, tudo isso pode ser evitado e assim cortar gastos.
Estima-se que uma obra bem controlada ganha no mínimo duas folhas de pagamentos de seus funcionários ao final. Em números percentuais, a economia pode variar de 5 a 10% do valor total do empreendimento. O custo para estabelecer este controle é bem mais baixo que os gastos com tubos e conexões.
Vamos economizar nas obras?
Colaborou com este artigo: Bruno Luciano Araújo, Pós-graduado em Gestão pela FGV.