A imagem mostrando duas embalagens do mesmo produto em tempos diferentes pode nos trazer diversas reflexões. Sabemos que o trabalho está mudando, tarefas operacionais têm mudado e às vezes são substituídas por máquinas ou softwares (aplicativos de celular por exemplo).
Em Belo Horizonte aconteceu um fato interessante. Antes o estacionamento não era cobrado nos principais shopping centers da capital mineira. Então eles perceberam uma oportunidade de receita e todos hoje em dia cobram taxa para estacionar. No início eram três pontos contendo cada um dois caixas para cada andar do shopping. Hoje são quatro. Lembrando que eram dois turnos de trabalho, ou seja, 48 pessoas trabalhando para cuidar do pagamento da taxa de estacionamento. Há uns três anos instalaram diversos totens no lugar dos caixas. Em cada totem é possível pagar com cartão ou dinheiro, e até receber troco. Os totens funcionam à base de energia e praticamente nunca falham. Ainda existem poucos caixas. Dos 48 empregos, talvez uns 12 devem ter sido preservados.
Na cidade paulista de Sorocaba, desde 2003 não existe a figura do trocador dentro do ônibus. O usuário do sistema público de transporte entra, passa um cartão e abre a catraca. Quando não tem o cartão o motorista o conduz até uma estação de baldeação e a pessoa fica em um espaço para realizar o pagamento e seguir viagem.
Onde foi parar a menina ordenhando o leite? A mecanização da ordenha é uma realidade para muitos. Hoje em dia o pequeno produtor consegue ter acesso à tecnologia e adquirir o sistema que faz a ordenha. Mais segurança alimentar para a produção leiteira, menos gente no campo trabalhando. O leite é armazenado em tanques refrigerados à espera do caminhão-tanque, também preparado para o transporte até a cooperativa mais próxima.
O caixa de estacionamento, o trocador e o peão perderam seus empregos. Todos eles não tinham o ensino médio completo. A tecnologia foi a vilã dessa história? Não. Ela acelerou um processo que está em andamento no setor comercial, nos transportes, no agronegócio e em outras áreas.
Quem deveria interceder por eles? Ninguém. Quem deveria dar condições deles darem a volta por cima? O Estado, provendo para todos educação de qualidade e atualizada para as novas necessidades de mão-de-obra.
Ítalo, a princípio, seu texto pode gerar um certo desconforto geral por mostrar a “dura” realidade da substituição do homem comum pela máquina… No entanto, sua conclusão abre caminho para uma discussão muito mais desconfortante e realista: a educação de baixíssima qualidade, tanto pública quanto privada, no Brasil. Exemplos como a Coréia do Sul e a Finlândia têm que ser examinados com a devida atenção, “tropicalizados” e implementados o msis rápido possível! Parabéns pelo artigo!
Obrigado pela leitura e comentário Alex. Também compartilho da “tropicalização” dos modelos de ensino da Coréia do Sul e Finlândia.
Italo, texto com indagações contemporâneas excelentes. Realmente a tecnologia não é vilã, mas sim uma ferramenta para equilibrar a rápida expansão da demanda e a oferta. E, da mesma forma que ela foi um meio para crescimento, ela é uma oportunidade para desenvolvimento. Aqueles que a sabem utilizar com maestria conseguem montar negócios virtuais alcançando todo o território Brasileiro, talvez até o mundo,. A falta de educação disponibilizada pelo governo não pode ser usada como muleta para entrar no mundo tecnológico. A tecnologia está acessível para a maior parte da população. A internet é um mundo de informações, cursos, ONGs virtuais, vaquinhas vituais e artigos. Na cidade onde minha mãe nasceu, um distrito com 5mil habitantes e apenas 2 ruas, tem internet na casa de quase todos os moradores. Basta aos 36 ex-operadores de guichê de estacionamento arregaçar as mangas e usar a internet em proveito próprio e não para diversão.
Vinicius, temos um grande desafio pela frente: não permitir que a tecnologia seja excludente e sim geradora de oportunidades.
Italo:
Sem sombra de duvidas, o texto a narrativa nos dar um mal estar no primeiro instante, mas no decorrer do enunciado, nos mostra a verdadeira realidade que nossa periferia não consegue ver, enxergar, no entanto você vamos rodamos 1500km a 2000km nos meios das lavouras e sem sombra de duvida, paramos para analisar o quanto a tecnologia de ponta chegou as lavouras, o vaqueiro, agricultor, hoje conduz uma maquina de tecnologia avançada, executando os trabalhos em 12h00 que 100 Homens não faria em um único mês.
Isso nossos avós jamais imaginariam em parâmetros destes e lembrando, que, estes mesmos avós, estão sobre todos estes investimentos.
Humberto, acredito sempre que a tecnologia vem para nos trazer mais qualidade de vida e oportunidades, mas nem por isso vamos nos acomodar, não é verdade?