Nesta semana conheci uma senhora de 96 anos. Estava passeando pelo bairro, parou na “vendinha” que tomamos café em algumas manhãs de domingo. Ela estava cansada de caminhar e fez uma pausa para descansar, aproveitando para colocar a conversa em dia. Estava feliz por ter saúde, não demonstrava outra preocupação.
Acumular, crescer, adquirir, aumentar, são fortes vícios do Capitalismo. Os efeitos colaterais podem ser vários, o mais forte: não avançar no tempo, deixar simplesmente de existir. No nosso caso, como seres humanos, seria trabalhar exageradamente sem se preocupar com a qualidade de vida e quando chegar aos 40 se deparar com um infarto fulminante. Fim!
Em se tratando de cidades é crescer sem futuro, sem planejamento. Fordlândia no Pará é um exemplo. Os americanos estiveram ali para exploração da borracha, desenvolveram até o momento em que o mercado mudou. Na Ásia começaram a plantar seringueiras e extrair a borracha de maneira mais barata e eficiente. Era uma vez uma cidade. Fordlândia não passa de galpões vazios e esquecida no tempo.
Na próxima semana Bom Despacho chega a 104 anos. Cadê o Plano Diretor? Cadê a Lei Orgânica? Onde se encontram projetos de distritos industriais? Qual a atratividade para novos centros universitários? Cadê investimentos pesados em Educação Básica?
O triste problema deste mal que assola todo o Brasil é a maldição de 4 anos. Em um mandato o Legislativo (vereadores) e o Executivo (prefeito) prometem mudar tudo e melhorar tudo. É preciso pensar além dos 4. É preciso pensar 40 e fazer um pacto pela cidade.
Em breve saberemos os nomes dos prefeitáveis, convido aqui antecipadamente um debate saudável para pensarmos Bom Despacho para os próximos anos. Não apenas o período de seus mandatos, mas no mínimo um planejamento de 40 anos.
Afinal, crescer e envelhecer é algo natural, mas é preciso ter saúde, como me ensinou a senhora que encontrei no café.