Ao analisarmos o relatório anual da Eurasia Group sobre os Riscos que mais possam afetar nossa Economia e Sociedade, observamos que se aproximam de contextos Políticos, Econômicos, Sociais, Tecnológicos, Ecológicos e Legais. Essa forma de análise de Riscos contextuais é melhor explicada como Análise PESTEL, no artigo do Professor Álvaro Camargo, onde ele diz: “… É fácil perceber que a análise dos fatores PESTEL ajuda na identificação de riscos aos quais as organizações e seus projetos estão sujeitos. Mas é importante observar que a análise PESTEL também ajuda na identificação de stakeholders.”

Para projetos industriais é preciso fazer uma análise PESTEL para identificar e dar o correto tratamento dos riscos (tanto ameaças como oportunidades). Outras dimensões como Alinhamento Estratégico, Negócio, Operação e Manutenção, são outras fontes importantes de riscos nesse tipo de empreendimento.

Para colaborar (somar) com esse levantamento de riscos de projetos e com foco no ano de 2024, vamos listar os Top 10 Risks analisados e estudados pelo Eurasia Group, que foram:

Risk 1: The United States vs. itself.
Risk 2: Middle East on the brink. 
Risk 3: Partitioned Ukraine. 
Risk 4: Ungoverned AI. 
Risk 5: Axis of rogues. 
Risk 6: No China recovery. 
Risk 7: The fight for critical minerals.
Risk 8: No room for error.

* mantido no idioma Inglês para não se perder o sentido original.

Além disso existem os “red herrings“, são aqueles riscos (ou assuntos levantados) que ofuscam, fazem “cortina de fumaça” do assunto que realmente importa. O estudo 2024 do Eurasia Group identificou o seguintes “red herrings” para 2024:

  • US-China Crisis (Crise entre EUA e China):
  • Populist Takeover of European Politics (Posicionamento Populista dos Políticos Europeus):
  • Brics Vs. G7:

Além do estudo principal, as “red herrings”, o Estudo de Riscos em 2024 do Eurasia Group traz 4 adendos. Os adendos para Brasil, Canadá, Europa e Japão, ilustram como os riscos globais funcionam em diferentes partes do mundo, com suas implicações específicas de cada governo e negócios.

Especificamente sobre o Brasil, o estudo aponta:

 

“Aqui estão algumas das principais conclusões do relatório Top Risks 2024 do Eurasia Group para o Brasil:

Primeiro a boa notícia para o Brasil.

Num mundo G-Zero, os riscos geopolíticos permanecerão estruturalmente elevados em 2024. Isso será evidente com a turbulência em curso no Médio Oriente, o conflito na Ucrânia e o chamado eixo dos estados pária (risco #5). O Brasil, juntamente com alguns outros países líderes do Sul Global, tem a ganhar em termos relativos com a deslocação dos fluxos de investimento impulsionados por empresas e investidores que procuram proteção. Ser produtor de alimentos e energia, e ter fontes de energia de baixo carbono, trabalha a favor do Brasil nesse contexto. Não é por acaso que a UE esteve interessada no ano passado em assinar um acordo de comércio livre com o bloco comercial Mercosul – mesmo que o acordo não tenha sido ratificado. Os decisores políticos da UE encaram o pacto comercial como um resultado vital dadas as necessidades energéticas e de segurança alimentar, e o sector privado da Europa também o faz.
A competição para produzir minerais críticos para a economia verde e digital (risco #7) é um exemplo claro dessa oportunidade para o Brasil – embora possa ser desperdiçada dependendo de preocupações regulatórias e ambientais. À medida que os governos em todo o mundo adotam medidas protecionistas para garantir o controle sobre fatores de produção críticos para a produção de baterias e semicondutores, o Brasil poderá atrair interesse em algumas das suas reservas, muitas das quais permanecem inexploradas. Por exemplo, possui as terceiras maiores reservas de grafite do mundo, e estas são críticas para a produção de veículos eléctricos. A ameaça dos controles de exportação chineses já levou as empresas a acelerar os investimentos em mineração na Bahia. O Brasil também possui depósitos substanciais de níquel, fosfato e minerais de terras raras.
Por último, embora as guerras – no Médio Oriente (risco #2) e na Ucrânia (risco #3) – possam prejudicar a economia global através do aumento dos preços dos alimentos e da energia, o Brasil sofre muito menos numa base relativa, dado o seu estatuto de fornecedor de energia. ambas as mercadorias. Os preços mais elevados do petróleo em 2024 traduzir-se-iam em preços internos mais elevados dos combustíveis, mas também em receitas mais elevadas provenientes da produção de petróleo. A maior vulnerabilidade macroeconómica do Brasil são as suas contas fiscais, mas um aumento nas receitas, tal como o que ocorreu após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, aliviaria essa preocupação. Estas guerras, no entanto, poderão dificultar o papel do Brasil como líder diplomático enquanto anfitrião do G20 este ano – especialmente porque cada vez mais jogam os Estados Unidos e, em menor grau, a Europa, contra países do Sul Global.


As más notícias surgem em diversas frentes.

Mais notavelmente, as eleições nos EUA (risco nº 1) e a IA não governada (risco nº 4) são lembretes claros de questões internas problemáticas que, em sua maior parte, permaneceram adormecidas em 2023. Assim como os EUA, o Brasil é um país profundamente dividido e polarizado em onde a confiança nos meios de comunicação social, nos tribunais e nos líderes políticos é estruturalmente baixa. Quase um terço do eleitorado acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro venceu a corrida presidencial no Brasil em 2022 e cerca de 40% dizem que votariam nele novamente. No ano passado, um crescimento económico superior ao previsto e uma queda nos preços dos alimentos mantiveram os índices de aprovação de Lula acima dos 50% e a oposição bolsonarista afastada. Mas um provável declínio nos números de Lula em 2024 num contexto de menor crescimento poderia estimular uma oposição mais veemente que, por sua vez, faria com que o presidente exercesse mais pressão sobre o quadro fiscal da sua administração. Embora isto não prejudique a direcção geral da gestão económica ou da estabilidade política, políticas mais polarizadas poderão começar a ressurgir com ferramentas melhoradas para a desinformação e uma administração mais fraca. Isto também poderia servir como um lembrete de que o ambiente politicamente carregado de 2022 deverá regressar nas eleições de 2026.

O Brasil também deve se preparar para a potencial eleição de Donald Trump para a Casa Branca em janeiro próximo. Se isso acontecer, a relação Brasil-EUA seria mais fria e significativamente mais volátil. Neste cenário, as empresas brasileiras poderão sofrer com as novas tarifas impostas por uma administração Trump que desta vez é ainda mais agressiva com as suas estratégias comerciais. E a cooperação ambiental, incluindo fundos para combater a desflorestação e outros investimentos verdes, enfrentaria maiores dificuldades.

Enquanto isso, a IA (risco #4) cativa os usuários e preocupa as autoridades no Brasil e no mundo. As próximas eleições municipais estimularam o interesse do Congresso em regulamentar as ferramentas de IA para conter as táticas de desinformação durante as campanhas. No entanto, tal como observado no relatório Top Risks, os esforços regulamentares serão provavelmente inúteis, dado o ritmo de desenvolvimento de novas ferramentas. As inovações previstas para serem reveladas em 2024, potencialmente envolvendo linguagem não escrita e algoritmos mais personalizados, farão com que os chatbots atuais pareçam obsoletos. No entanto, apesar das armadilhas, a IA pode aumentar a produtividade em toda a economia, à medida que as empresas e até mesmo os trabalhadores e os estudantes aprendem a usar robôs como copilotos (embora o Brasil esteja na última posição do G20 em termos de políticas e investimentos relacionados com a IA). Um risco importante nesse contexto é que uma regulamentação precipitada e mal pensada possa sufocar prematuramente muitas aplicações de IA no Brasil, prejudicando a competitividade das empresas nacionais.
Os riscos econômicos (#6 e #8) são outra área com implicações diretas para o Brasil, particularmente no que se relacionam com a China, o seu maior parceiro comercial. O menor crescimento chinês atenua o ímpeto económico do Brasil, reduzindo assim o crescimento e as receitas fiscais. A forte centralização política em torno do Presidente Xi Jinping reduz as probabilidades de uma crise aguda em 2024, mas aprofunda as distorções estruturais a longo prazo. Para o Brasil, isto sublinha a importância de abrir novos mercados para os seus produtos, não apenas na Ásia, mas também em outros continentes. O acordo comercial do Mercosul com a UE poderá avançar, embora seja improvável que seja ratificado em 2024, e novas negociações para mais comércio e investimento deverão estar na agenda do Brasil.
Por último, o papel dos BRICS em 2024 é digno de nota – não como um risco, mas como uma pista falsa (“red herrings”). As diferenças internas entre a China, a Índia, o Brasil e outros membros impedem o grupo de atuar eficazmente como contrapeso ao G7 e a outras instituições lideradas pelos EUA e pela Europa. Além disso, o envolvimento do Brasil nos BRICS não é um sinal de que a diplomacia brasileira esteja mais inclinada para a China do que para os EUA.”

fonte: https://www.eurasiagroup.net/issues/Top-Risks-2024-Implications-for-Brazil

RESUMO

O que se atentar para 2024 nos projetos industriais conforme o estudo de TOP RISKS 2024 do Eurasia Group, com foco nos projetos industriais:

AMEAÇAS

  • Tensão mundial devido a guerras em andamento ou novos conflitos.
  • Uso desenfreado e inadequado de Inteligência Artificial.
  • Produção na China de estruturas para os projetos, sob ameaça.
  • Aumento do preço da energia.
  • Menor crescimento chinês.

OPORTUNIDADES:

  • Investimentos diversos em projetos de mineração de minerais críticos.
  • Estabilidade no Brasil para aportes de investimentos globais.
  • Brasil tem energia para seus projetos industriais.

Veja mais:

PARTE 1 de 3: RISCOS 2024: CONHEÇA AS FONTES DE DADOS DE RISCOS PARA SEUS PROJETOS INDUSTRIAIS – PARTE 1 DE 3

PARTE 2 de 3: RISCOS 2024: CONHEÇA AS FONTES DE DADOS DE RISCOS PARA SEUS PROJETOS INDUSTRIAIS – PARTE 2 DE 3

PARTE 3 de 3: RISCOS 2024: CONHEÇA AS FONTES DE DADOS DE RISCOS PARA SEUS PROJETOS INDUSTRIAIS – PARTE 3 DE 3

EXTRA: como levantar os riscos?

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